segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015



Duas Almas

 Alceu Wamosy



Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste amada...

A neve anda a branquear lividamente a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...


Disponível em: http://amoratravesdotempo.blogspot.com.br/2008/05/duas-almas-alceu-wamosy.html      Acessado em: 23/02/2015.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015



A FESTA DA GRAMÁTICA

Um dia dona Gramática resolveu dar uma grande festa. Queria reunir todos os membros da Língua Portuguesa. Convite feito, convite aceito. No dia marcado foram chegando os componentes da Fonética, da Morfologia, da Semântica, da Sintaxe e da Estilística e já foram formando seus grupos. Todos vestidos a caráter. Dona Gramática estava feliz com o evento. Como é bom ver os filhos reunidos em concordância.
         O baile estava animadíssimo. O Ditongo dançava com a Divisão Silábica muito disputada pelo Tritongo e pelo Hiato. O Radical conversava com a Raiz enquanto observavam o animado jogo de palavras entre o Sinônimo e o Antônimo. A Conjunção, que havia bebido um pouco, não sabia se era coordenativa ou subordinativa, foi preciso a intervenção da Interjeição para acabar com a dúvida. O grupo das Vogais desafiava o das Consoantes.
            O Substantivo estava numa dura queda de braço com Adjetivo, tudo num clima de amizade. O Artigo Masculino namorava, lá no cantinho escuro, com o Artigo Feminino que determina a palavra Felicidade para que ela seja eterna. A Derivação batia um papo com a Composição. Falavam das suas formações. A Derivação se acha importante porque é formada por sufixação, prefixação, parassíntese e derivação regressiva. A Composição também tem seu orgulho ora ela é justaposta, ora é aglutinada. A Oração Sem Sujeito fofocava com Oração Reduzida, o Objeto Direto deu uma rasteira no Agente da Passiva e saiu com a Regência Nominal em clima de Prosódia e Ortoépia. A Onomatopéia rodopiava pelo salão. O Eufemismo tentava suavizar as palavras para dizer à Hipérbole o quanto ela dança mal. O Pleonasmo dizia à Antítese que só acreditava naquela festa porque estava vendo com “seus próprios olhos”. A Reticência dava uma de cantora, mas era tão desafinada que o Cacófato veio correndo para calar “a boca dela”.
             Lá pelas tantas, a Gramática ouviu um rumor parecido com uma discussão. Correu para o canto de onde vinha o alarido e chegou a tempo de ver e ouvir o Verbo gritando:
           - Eu vou falar, eu quero falar.
          A Gramática interferiu.
          - Meu filho qual é o problema?
           Nesse momento já havia parado a música e todos estavam aglomerados em torno da Gramática e do Verbo.
          - Desde que eu cheguei nesta festa que ouço vocês contando vantagem. Um é isso, outro é aquilo. Porque um é melhor e o outro pior. Droga! Nós somos uma família. Pertencemos ao mesmo idioma, sendo assim um não pode ser melhor que o outro. Nenhum brilha mais que o outro.
            Foi nesse momento que o Verbo Auxiliar aplaudiu:
          - Bravo companheiro. É isso aí. Onde já se viu uma coisa dessas. Já pensou se cada elemento de um idioma começasse a dizer que é o tal? Seria uma Babel.
Todos ficaram calados. E o Verbo, muito nervoso, continuou a falar com sua potente voz:
             - Senhores, nós somos um exército composto por soldados talhados na forma de palavras. Lutamos numa guerra eterna para não perder a nossa identidade, para não deixar o invasor nos assimilar e implantar o seu idioma. Apesar da nossa vigilância vem a infame influência e planta uma palavrinha aqui, outra ali e quando abrirmos os olhos já não haverá um idioma, somente um dialeto. É preciso ensinar as crianças, desde cedo, a amar a língua. Como fazer? Ensinando-as a falar e escrever corretamente.
            - Vejam os erros de concordância nas redações, isso é só uma parte, sem contar a incompreensão de textos e outras coisas mais. Tudo isso por conta do mau ensino. E vocês ficam aí discutindo bagatelas.
           O verbo sentou e chorou. Dona Gramática, pensativa, admitia o erro no ensino da língua.
             A festa que começara animada voltou aos “tempos primitivos” e foi preciso um “Imperativo” na tentativa de restaurar a alegria. A orquestra de letrinhas, que parara de tocar, começou a recolher os instrumentos que estavam no chão. E para que não houvesse mais confusão o Sujeito subiu numa cadeira e gritou.
          - Aí pessoal, vamos agitar porque essa festa não está mais “manera”, parece um cemitério, pô. Os “manos” vieram aqui dançar e levar um “lero” legal.
            - Vejam que falei gírias, também uso a forma culta, isso foi só para mostrar como é belo esse idioma que tem palavras para designar qualquer coisa. Procurem por aí a palavra saudade, ninguém tem, só nós.  Tem mais pessoal, na festa da dona Gramática não há lugar para se discutir problema de ensino, aqui é o lugar da união de todos para formarmos um só corpo. Discutir ensino de gramática, isso é lá com “seu” Ministro.
           Todos concordaram e o Sujeito saiu balançando o esqueleto pelo salão à procura de uma Flexão Adjetiva para um giro numa folha de caderno.
Maria Hilda de Jesus Alão


domingo, 1 de fevereiro de 2015



BRASIL: Pátria Deseducadora

Por: José Gomes da Silva

O setor social da Educação, no Brasil, pelo que a história conta, sempre foi e continua sendo deficiente. Logo, conforme o que se observa cotidianamente na sociedade desse país, a maioria do povo brasileiro não tem “educação de berço”, o que impossibilita à nação galgar o status de “plenamente civilizada” e “economicamente desenvolvida’.
Ao apossar-se do seu segundo mandato, a Presidenta da República Federativa do Brasil, Sra. Dilma Vana Rousseff anunciou o slogan da nova fase da sua gestão: “Brasil Pátria Educadora”.
Esse lema reflete o reconhecimento do governo federal de que a gente  do território nacional não possui um grau educacional satisfatório, tanto no âmbito da educação doméstica, quanto na esfera da educação secular.
Em sua maioria, a população  verde-amarela é limitada em termos de conhecimento, de cultivo dos bons valores, de senso de trabalho, de consciência dos problemas nacionais, de solidariedade e espírito coletivo na luta pelo bem comum. A aceitação de pouco ou nada educada é um “fatalismo inconsciente” que deixa os brasileiros num estádio negativamente estável, haja vista que já não há patriotismo, falta a ambição pela construção de um país desenvolvido, respeitado e bom para se viver.
No campo da educação como ente formador dos indivíduos quanto a conhecimentos seculares, o que se percebe é o descaso da maior parcela dos discentes e uma constante e desesperada busca da qualidade desse setor social, sem, no entanto, conseguir-se melhoras significativas.
Está registrado na história da nação que a educação, enquanto instituição construtora do conhecimento, sempre foi problemática e deficitária, e esteve, como está, a  serviço do interesse dos dominadores, desde aquela empreendida pelos jesuítas para ajudar a efetivar a dominação lusitana, até à contemporânea, para atender aos ditames governamentais e de entidades internacionais.
Como a pátria educa seu povo se o maior percentual dele não se permite instruir?
Na atualidade os alunos contam com ótimo suporte para seu desenvolvimento intelectual: farda, livros de todas as disciplinas curriculares, transporte escolar, merenda, etc., coisas que outrora outras gerações não tiveram,  e mesmo assim todos encaravam os estudos com afinco, interesse e consciência da sua importância para suas vidas nos aspectos pessoal e profissional, todavia, num contraponto, a clientela das escolas e colégios vai a essas entidades sem objetivo nem perspectiva de futuro, sem nada, a não ser com o fim de fazer das salas de aulas pontos de encontro para bate-papos como em bares ou clubes, namoros, entretenimento com celulares, etc., numa flagrante perda do tempo de preparação para suas vidas futuras. Nesse aspecto, salvam-se alguns educandos que têm a nobreza de  serem reconhecidos pelos seus docentes como autênticos estudantes.
O acesso aos cursos superiores está muito facilitado, todavia eles estão banalizados, visto que é comum a existência de pólos universitários em pequenas cidades,. Cursos virtuais, etc. Não se nota em quem, atualmente, termina uma faculdade, um bom cabedal de conhecimentos nem a melhoria do seu linguajar, marca indelével de quem conclui um curso superior, como acontecia antigamente. É que muitos alunos chegam às universidades sem ter conseguido dominar os conteúdos ministrados nos ensinos fundamental e médio, o que é consequência de múltiplos fatores.
Velhos cursos de nível médio retornam com novas nomenclaturas. As leis educacionais, pelo menos até o ensino Médio, são brandas e concorrem com o desdém de grande número de  freqüentadores das unidades educacionais, inclusive, com medi ínfima para aprovação, o que em nada incentiva o educando, ao contrário, diminui seu investimento de esforços para aprender e se discernir.
Como poderá a pátria educar quem só pensa em baladas e bebidas? Quem faz do futebol sua religião? Quem saqueia, seqüestra, mata, depedra o patrimônio público e o privado? Quem incendeia ônibus e leva policiais a óbito? Como educar um povo que, por natureza,  e nas mínimas situações não gosta de obedecer? Como educar um povo que, em 515 anos de história jamais se desenvolveu o suficiente em termos educativos? Como educar um povo que não tem sentimento nativista, não é patriota, nem está aí para  o progresso e o desenvolvimento do seu país?
O lema da mandatária é nobre e profundo. Contudo é impossível fazer em quatro anos o que não foi feito nem conseguido em 514: educar e civilizar, na sua totalidade, o povo brasileiro.

Música ilustrativa

Educação do Futuro

Sergio Brown

Ta na hora ta na hora, de parar para estudar
Quero passar de ano, boas notas vou tirar.
Ser o melhor aluno é o meu objetivo e eu consigo.
A caminhada é difícil, mas o professor está comigo
Sempre ao meu lado, me ajudando a crescer
Me ensinando tudo, aumentando o meu saber.
Confio nele, assim como ele confia em mim
Tenho certeza que juntos, um futuro melhor podemos construir.
Hoje, sou uma pequena criança, amanhã, um grande adulto
Com grande conhecimento, capacidade de debater sobre tudo.
O meu estudo é a arma que preciso para vencer
Por isso vou me dedicar
E cada vez mais os professores escutar e obedecer.
Tudo pela educação, tudo pela saúde!
Todos nós apoiando a juventude
Tudo pelas crianças, futuro da nação
Todos nós pela educação.
A escola é a segunda casa da gente
Aqui brinco e aprendo, ficando cada vez mais inteligente.
Como um passo de mágica me transformo a cada ano que passa.
Minha mente, meu corpo evoluem juntos nessa jornada
Cada dia que passa, eu entendo melhor a vida.
Entendo que o meu futuro é brilhante e a escola é meu ponto de partida.
Sei que será cansativo, complicado e difícil
Mas tudo que vem fácil, irmão não tem muito sentido.
Não tem o mesmo valor das coisas batalhadas
Não tem o mesmo sabor das coisas conquistadas
Passo a passo um dia por mês, eu me torno um vencedor
Pouco a pouco na escola eu aprendo, também ensino ao meu professor.
Cresço com ele, ele cresce comigo
É muito mais que meu mestre, ele é meu amigo
Sempre disposto a ajudar nas de dificuldade
Com um sorriso no rosto, mostrando toda sua bondade
Tem prazer em me ensinar, orientar, me guiar
Eu em aprender, crescer cada vez mais conquistar
Ser aluno para mim é um imenso prazer
Espero muito que também seja pra você.
O futuro do País está em nós, irmão!
Vamos nos unir, vamos dar as mãos
Todos pela escola, todos pela educação
Todos juntos para salvar a nossa Nação.
Em um só ritmo, em uma só melodia
Buscando a paz, espalhando alegria.
Tudo pela educação, tudo pela saúde!
Todos nós apoiando a juventude
Tudo pelas crianças, futuro da nação
Todos nós pela educação.

Disponível em: http://letras.mus.br/sergio-brown/educacao-do-futuro/                                     Acessado em: 27/01/2015.